Notei que algo pingava em meus olhos. Sangue? Pensei!.
Era dia já. Senti pelo sol forte no meu rosto.
Deduzi de maneira absolutamente lógica: Deus, me fizeste cego para provar a mim mesmo que de nada serve enxergar. Devo fazer sua vontade.
Prossegui o dia, cego!
Batia nas paredes, nos móveis, nos bichos e nas pessoas.
Era certo que não conseguiria. Mas Deus não me daria um fardo tão pesado se não pudesse carrega-lo.
Carreguei-o, durante uma hora. Pela segunda hora. Pelas horas que se prosseguiram.
Quando encontrei o portão que dava para a rua, veio se esguelando, meu irmão.
Questionando-me sobre o porque do sumiço. Estavam quase chamando a"puliça".
Eu disse: Irmão, estou cego. Mas não se aflija. Acordei de manhã e havia sangue em meus olhos. Não pude ir ao trabalho, mas esta é a vontade de Deus. Regozijai-vos (adoro essa palavra)!!!
Meu irmão, como um bom irmão deve fazer, me socou a cara com força e rapidez "bruceleeânica" e com a mangueira atirou água em meu rosto, dizendo em tom de sarcasmo.
- Se Deus te queria cego meu irmão, deveria ter no mínimo trocado o ketchup vagabundo por mostarda preta.
Agora toma vergonha, lava esse rosto e vai trabalhar vagabundooo!!!
Moral da história: Ser cego fica muito mais fácil quando não se quer abrir os olhos. Convém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário